Palavras,
o que são?
Seriam elas apenas letras soltas ao vento
e presas ao enredo,
num embolado de tentativas de emaranhá-las
em formas específicas?
Talvez sejam,
mas pra mim são infinitamente mais.
A depender do contexto as palavras são salvação,
capazes de alimentar uma alma enfraquecida
e de curar um coração vazio.
Escrever é remédio para a minha alma,
é a cura de todas as minhas cicatrizes,
é desprender de tudo aquilo que inquieta o meu ser.
Tornando a inspirar o ar da vida.
O que inflama por dentro, vira arte fora,
se transforma em palavras que ardem no peito,
versos que clamam liberdade.
Aprisionados, até que o devido momento chegue.
E, nessa hora, o despertar da esperança,
convida a externalizar o que já não se entende,
o que já não se vê,
o que apenas sente.
Curando a paz, que já me era ausente
e tornando a acreditar na esperança
que se tornara vaga em minha mente.
Lembrei de uma passagem da Gloria Anzaldua: “Por que sou levada a escrever? Porque a escrita me salva da complacência que me amedronta. Porque não tenho escolha. Porque devo manter vivo o espírito de minha revolta e a mim mesma também. Porque o mundo que crio na escrita compensa o que o mundo real não me dá. No escrever coloco ordem no mundo, coloco nele uma alça para poder segurá-lo. Escrevo porque a vida não aplaca meus apetites e minha fome. Escrevo para registrar o que os outros apagam quando falo, para reescrever as histórias mal escritas sobre mim, sobre você. Para me tornar mais íntima comigo mesma e consigo. Para me descobrir, preservar-me, construir-me, alcançar autonomia. Para desfazer os mitos de que sou uma profetisa louca ou uma pobre alma sofredora. Para me convencer de que tenho valor e que o que tenho para dizer não é um monte de merda. Para mostrar que eu posso e que eu escreverei, sem me importar com as advertências contrárias. Escreverei sobre o não dito, sem me importar com o suspiro de ultraje do censor e da audiência. Finalmente, escrevo porque tenho medo de escrever, mas tenho um medo maior de não escrever.”
ResponderExcluirMe fez pensar em um texto curto de Audre Lorde: Poetry is not a Luxury
ResponderExcluir